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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Crítica: Somos Tão Jovens

Título Original: Somos Tão Jovens
Ano: 2013
Direção: Antonio Carlos da Fontoura
Gênero: Biografia, Drama
Nacionalidade: Brasil

Sinopse: Brasília, 1973. Renato (Thiago Mendonça) acabou de se mudar com a família para a cidade, vindo do Rio de Janeiro. Na época ele sofria de uma doença óssea rara, a epifisiólise, que o deixou numa cadeira de rodas após passar por uma cirurgia. Obrigado a permanecer em casa, aos poucos ele passou a se interessar por música. Fã do punk rock, Renato começa a se envolver com o cenário musical de Brasília após melhorar dos problemas de saúde. É quando ajuda a fundar a banda Aborto Elétrico e, posteriormente, a Legião Urbana. 
Fonte

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Acredito que eu esteja me arriscando demais em falar do filme do ídolo de milhares de brasileiros, até porque eu sei pouco sobre Renato Russo e a análise que estou fazendo é baseado no que o filme passou, não no que eu sei sobre ele, nem no que é verdade, ou que não foi mostrado no filme.
Pra começar, cinebiografia é algo difícil de digerir, assim como os musicais. A gente se depara com a situação rotineira das pessoas quando vemos o filme baseado na história delas e percebemos o quanto a vida pode ser monótona, devagar e às vezes muito chata. É por isso que é um tanto estranho alguém querer fazer um filme sobre a vida de determinada celebridade pra mostrar um único feito: vencer na vida. Sim, sabemos que muitas personalidades venceram, alcançaram sucesso e realizaram sonhos e sabemos também como elas fizeram isso: Elas não desistiram. E então, me pergunto às vezes porque alguém faria um filme sobre a vida do outro sendo que todo mundo já sabe o processo e o final da história.

Não que isso seja ruim, ou perda de tempo. Pelo contrário, acho válido, porque antes de fazer algo sobre alguém (ou sobre alguma coisa) você precisa de muita pesquisa, e isso enriquece muito o conhecimento. E serve pra mostrar a quem não conhece (no caso desse filme eu) quem era, como era e como foi toda a desenvoltura. Agora, desmembrar essa pesquisa e selecionar algumas coisas pra chegar no desfecho final da história e jogar isso numa tela de cinema é realmente ousado e muito arriscado. Porque o conhecimento que se obteve na pesquisa pode não ser nem metade da que mostrada na telona. A personalidade pode ter sido magnífica na realidade, mas no filme pode parecer que ela foi mais um que passou por cima dos obstáculos pra conseguir o que queria, sem nenhum efeito diferenciador. Ou seja, todo trabalho e a obra do artista pode ser arruinada.
O começo do filme anima muito. Você tem a sensação mesmo de que será um filmaço. Mas isso acaba nos primeiros vinte minutos. Tive a impressão da história dar voltas e voltas e nunca sair do lugar. Sim, eu sei que a vida das pessoas é assim mesmo, mas acredito que selecionaram algumas coisas mais pra "encher linguiça" do que pra completar todo o processo da vida musical de Renato. Os atores são bons, foram bastante eficientes, e Thiago Mendonça fez um Renato à altura. A semelhança física ajudou muito, mas a interpretação foi primordial.

Uma coisa que me deixou incomodada foi a locomoção das câmeras. O filme todo me pareceu que o cinegrafista estava bêbado ou não conseguia equilibrar o equipamento. Ou que a produção do filme tinha poucas câmeras. Aqueles movimentos foram na minha opinião, muito consistentes, a ponto de as vezes achar que eu estava tonta. Pode parecer exagero da minha parte, mas eu senti um incômodo muito grande com isso. Outro ponto negativo foi a iluminação. Achei que o filme ficou um tanto escuro, o que não é desculpa só porque são cenas externas a noite. Achei que alguns ângulos poderiam ter sido realizados de outras maneiras, o que poderia dar um realce mais pra iluminação do lugar, sem que ficasse tão escuro.
Em um aspecto geral, eu esperava mais. Mais história, mais emoção, mais detalhes que compusessem o Renato Russo mito que todo mundo venera. Algo a mais que mostrasse realmente o porquê dele ser tão especial dentro da música, do contexto político, da poesia e do ser humano. Se eu não soubesse o pouco que sei sobre Renato Russo, diria que sua história não teve nada demais. Acredito que o filme não passou tudo o que poderia ter passado e que possa ter falhado em alguns detalhes, mas em uma análise geral, o filme foi eficiente, nada mais.

PS: Fãs do cara não me matem, é apenas uma opinião pessoal!

Nota: 7/10